sábado, 24 de julho de 2010

As Capitanias Hereditárias

Em 1534, o rei de Portugal introduziu o sistema de capitanias hereditárias, com a finalidade de facilitar a administração do Brasil. A colônia foi dividida em 15 lotes, doados a 12 donatários, que, apesar de terem poder total sobre elas, não eram seus proprietários.
As terras paranaenses estavam distribuídas em duas capitanias.
Uma foi doada a Martin Afonso de Souza, São Vicente, região compreendida entre a Barra da Baia de Paranaguá e Bertioga (SP)
A outra foi doada a Pero Lopes de Souza, chamada Sant’Ana, que descia da barra de Paranaguá até onde fosse legitima, pelo limite do tratado de Tordesilha, a ocupação portuguesa.
Deste modo, a capitania de São Vicente correspondia em nosso Estado, ao município de Guarapuava, Antonina, Paranaguá, e parte de Morretes. A capitânia de Sant’Ana correspondia aos municípios de Matinhos, Guaratuba e parte de Morrestes.
Por vários motivos as capitanias fracassaram e Portugal introduziu o Governo Geral. Os governadores gerais deveriam promover a pacificação dos índios, favorecer o povoamento e desenvolver economicamente a colônia.


Costa do Pau Brasil – Costa do Ouro e Prata


Descoberto o Brasil, realizadas as primeiras expedições e fundados os primeiros núcleo de povoamento, em São Vicente, em Pernambuco e na Bahia, viviam os portugueses, contudo, frustradas as suas expectativas de fácil localização de metais e pedras preciosas.
Encontram no estrato, os paus ricos em tintas que passaram a derrubar e a enviar para a metrópole. Aos portugueses logo vieram juntar-se, na exploração da madeira do litoral brasileiro, outros europeus, principalmente franceses. Desta maneira antes de tornar-se uma economia do açúcar, a economia brasileira foi uma economia da madeira.
O início da colonização efetiva, por Martin Afonso de Souza, fizera surgir também, em São Vicente, o primeiro engenhos de açúcar, e o Brasil que fora apenas madeira, torna-se o complexo escra-açúcar.
Tanto pelas madeiras, como pelo açúcar e pelo tráfico de escravos, a presença de colonizadores efetiva-se apenas ao longo da costa.
Contudo, desde o descobrimento do rio do Prata, o litoral de São Vicente para o sul, "a costa do ouro e prata", era visitada principalmente por espanhóis, atraídos pelas notícias de riquezas no Prata e no Ocidente (espanhóis de Buenos Aires)
No final do século XVI, os vicentinos percorriam o litoral da capitania à procura de índios. Da mesma maneira o planalto curitibano seria também percorrido pelos sertanistas que escravizavam indígenas e procuravam metais.
O próprio Gabriel de Lara teria participado de movimentos que objetivavam escravizar índios carijós, na região do Taquarí, antes de sua fixação em Paranaguá.
A escravização de indígenas e a constante procura de metais teriam por conseqüência, ainda na primeira metade do século XVII, a ocupação portuguesa de terras do litoral e do primeiro planalto paranaense.


Procura de índios e minas


O índio foi, no sul do Brasil, o braço de trabalho sobre o qual foi possível a colonização e o estabelecimento das instituições de fundo português.
O índio, e mais tarde o negro, tanto no período da escravidão, como no período do aldeiamento, era a mão-de-obra que sustentava todas as estruturas superiores da sociedade colonial.
- nos trabalhos domésticos;
- nas derrubadas e lavouras;
- nas jornadas de minas e na condução de cargas;
- contra índios que deveriam ser caçados;
- nos serviços públicos de estradas;
- nos transportes de munição;
- na condução de mercadorias
- na construção de fortalezas.
Já no final do século XVI, em 1586, os moradores de São Vicente, Santos, São Paulo, pediam ao capitão-mor a organização de bandeiras para caçar índios carijós dos territórios hoje paranaenses e catarinenses.
Nas últimas décadas do século XVII, já estavam extintos as tribos de índios livres dos sertões ao alcance dos paulistas. Restavam apenas, para sustentar as populações do sul, os índios aldeados sob a direção dos jesuítas, dos carmelita, dos franciscanos e dos clérigos seculares. Esses índios eram cedidos aos paulistas para execução de todos os trabalhos da comunidade mediante um salário que a lei estipulava. Os próprio s índios aldeados, submetidos a uma escravidão disfarçada encaminhavam-se para a extinção. Alguns dos aldeados visitados pelo Ouvidor Pardinho, nos princípios do século XVIII, obrigavam apenas velhos imprestáveis para os serviços que deles se exigia.
Não se pode afirmar quando se deu a substituição do escravo índio pelo escravo negro no sul do Brasil, mas pode-se perceber a ocorrência de um período intermediário, durante o qual a falta de escravos acarretou transformações drásticas.
É no início dessa situação, quando chegava ao final do processo da extinção dos carijós dos sertões paranaenses e catarinenses, que os paulistas iniciaram dois grandes movimentos a procura de mais índios no oeste do atual Paraná, na região de Guaíra, e a procura de ouro no leste do Paraná, na região de Curitiba e Paranaguá.


A ocupação Espanhola


Durante os anos de 1541 e 1542, os espanhóis fizeram a primeira travessia de leste para oeste, chegando até o rio Paraná. Para a época, foi um empreendimento audacioso, no qual o capitão espanhol D. Álvaro Nuñez de Vaca, nomeado governador do Paraguai, dirigiu-se a Assunção por via terrestre. Foi uma viagem de 10 meses de São Francisco do Sul, em Santa Catarina, atravessando todo o território do Paraná, até Assunção, no Paraguai. Durante essa viagem foram descobertas as cataratas do Iguaçu.
Em 1554, Diego de Vergara fundou a povoação de Ontivieris, que se situava próximo de onde é hoje a cidade de Faz do Iguaçu. Mais tarde esse povoação foi transferida por Ruy Dias Melgarejo para foz do rio Piquiri, com o nome de cidade Real de Guariá, posteriormente transformada em redução Jesuíta. Atualmente corresponde ao município de Guaíra.
Em 1576, o mesmo Ruy Melgarejo fundou, na confluência do rio Corumbataí com o Ivaí, Vila Rica do Espírito Santo de Fênix. Com o estabelecimento dessas povoações, os caminhos do Peabiru. Estes poderiam cair em mãos dos portugueses, por causa das expedições em busca de índios e metais preciosos empreendidas em território espanhol.
Além das razões de necessidade da posse efetiva da terra e do impedimento da passagem para os metais preciosos, a ocupação espanhola do Guairá, foi sem dúvida, motivada ainda, pela presença de milhares de índios, que procuraram desde logo explorar. Fora já adotado, em outras regiões de colonização, e assim espanhola, o sistema de "encomiendas", e assim os moradores da cidade Real e de Vila Rica, procuraram também reduzi-los a servidão.
Aos "encomiendados" cabia lavrar a terra caçar e pescar para os seus senhores, além de prestar serviços na construção de habitações e outros. Era porém, na coleta da erva-mate, nos grande s ervais nativos da região, que a mão-de-obra indígena constituía a grande e única força de trabalho existente. Os índios, contudo reagiram.

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