sábado, 24 de julho de 2010

As Reduções Jesuítas

Com o objetivo de conter as revoltas indígenas, o governo espanhol confiou aos padres da Companhia de Jesus a tarefa de pacificação dos índios. Para tanto, os jesuítas transformaram as aldeias indígenas em reduções.
Os padres José Lataldino, Simão Maceta, Lorenzana e Francisco de São Martinho, foram os primeiros a entrar na região, com o novo objetivo, iniciando a obra catequética. As reduções de nossa Senhora de Loreto e de Santo Inácio foram as primeiras estabelecidas no médio Paranapanema, em 1610, Via de regra, procurou-se a proximidade dos rios Paranapanema, Tibagi, Ivaí, Piquiri e Corumbataí para os grandes aldeiamentos.
Foram estabelecidos pelos jesuítas, no Guairá, os seguintes núcleos.
Os índios aldeados nas reduções, eram na sua maioria guaranis, porém, havia outros, entre os quais os tupis e carijós.
As reduções foram organizadas na base de vida comunitária. Suas atividades econômicas foram principalmente á coleta de erva-mate que os padres exportavam, divulgando o uso da erva do Paraguai entre os espanhóis do Prata. Tinham plantações de mandioca, milho e outras, praticavam lavouras coletivas. As terras eram todas de uso comunitário. A criação de gado era realizada em regime de compascuo.
Os homens dedicavam-se principalmente às atividades do setor primário (agricultura e pecuária) enquanto as mulheres eram orientadas para as artes. O artesanato das reduções, com a produção de tecidos de algodão e de lã, alcançou qualidade. Foram os índios carpinteiros, tecelões, ferreiros, estatuários, fundidores.
O aldeamento produzia o necessário para a sua subsistência, exportando os excedentes da sua produção agrícola e pecuária, além da erva-mate. Os seus produtos concorriam como de maior importância dos artigos de exportação.
As aldeias eram também objeto de planejamento urbano e arquitetônico. Eram divididas em quadras e davam nas praças situadas no centro da povoação. A igreja, os depósitos e o cemitério, geralmente em um único lado, enquanto nos demais estavam os edifícios com as habitações para as famílias indígenas. As casas, em forma simétrica eram feitas de taipa, com tetos de duas águas.
Os indígenas levantavam-se cedo para o trabalho, para o qual seguiam depois do mate. Os empregados na lavoura reuniam-se diante da igreja e seguiam juntos para o campo. Os operários das manufaturas dirigiam-se para as respectivas oficinas. As mulheres para os teares. As crianças para a escola.
A educação era também comunitária, ministrada pelos padres que enfatizavam sua influência sobre a infância e a juventude.
Mas não demorou muito e começou o declínio das reduções. Tanto os espanhóis quanto os portugueses contribuíram para que isso acontecesse.
Os espanhóis, por que não conseguiam evitar as fugas dos índios escravizados pelo branco para as reduções. Onde ficavam livres. Os portugueses por que temiam que os padres jesuítas espanhóis pudessem ampliar os limites da divisa das terras espanholas, invadindo terreno português.
O contato entre brancos e índios modificou alguns hábitos de ambos as culturas. O branco aprendeu a língua dos índios, adquiriu o hábito de dormir em redes ou no chão, de tomar banho todos os dias, etc. O índio, por sua vez, aprendeu, entre as coisas, a ler e escrever, a língua dos brancos e a ter fé na religião cristã.


Os Bandeirantes destoem às reduções


Foi por volta de 1629, que os portugueses e os bandeirantes paulistas resolveram acabar com as reduções, provocando verdadeiras guerras.
Os portugueses queriam conquistar a região ocupada pelas reduções, pois assim poderiam expandir seus limites, tornando-se os legítimos donos das novas terras.
As primeiras entradas que chegaram ao Paraná, vindas de São Paulo, foram as de Jerônimo Leitão, Jorge Correa, Manuel Soeiro e João Pereira de Souza. Datam de 1585 e tinham como finalidade o aprisionamento de indígenas. A partir de 1607 várias entradas penetrando no interior do Paraná a maioria delas acompanhavam o curso do rio Ribeiro, indo em direção ao centro do Estado, onde hoje se situa, as cidades de Ponta Grossa, Castro, Tibagi, Reserva e Cândido de Abreu.
Iniciaram assim as bandeiras e expedições particulares que procuravam capturar os índios e vendê-los como escravos às outras capitanias, para trabalharem principalmente na colheita da cana; procuravam também mais terras e ainda queriam impedir que os espanhóis avançassem em direção ao atlântico.
Após os ataques bandeirantes e a destruição das reduções, bem como do abandono das povoações espanholas, focou o Ocidente do Paraná em completo esquecimento, por mais de um século, pois que, sem o ouro e sem os índios, não mais atraia a atenção.


Organizações da comunidade tradicional


O Paraná assim como outras localidade brasileiras, teve ciclos ou períodos na sua história em que uma atividade econômica se destacava mais do que as outras.
Cada uma destas atividades criou empregos, produziu riquezas e contribuiu para o desenvolvimento do nosso Estado.


O ciclo da economia paranaense
O Ciclo do ouro ou da mineração


Como já foi visto, o povoamento do Paraná começou pelo litoral. Isso aconteceu porque era muito mais fácil chegar por mar as terras que, no futuro, formariam, o estado do Paraná. Além disso, a partir do século XVII foram descobertas várias minas de ouro e pedras preciosas no litoral.
A descoberta do ouro e das pedras preciosas atraiu muitas pessoas que estavam atrás de riqueza fácil e que acabaram por povoar o litoral e o primeiro planalto, fundando cidades como: Paranaguá, Curitiba, Morretes e Antonina.
A busca de ouro e pedras preciosas também levou à descoberta de novos caminhos entre o litoral e Curitiba. Esses caminhos eram usados para enviar ouro e pedras preciosas para o governo português.
A carência de gêneros, numa população que se formou subitamente, e que se dedicava exclusivamente à cara do ouro, criou tremendos problemas de abastecimento, que raiaram pelo drama da fome. A organização desse abastecimento foi o grande problema enfrentado pelo governo colonial na primeira parte do século XVIII.


O ciclo da pecuária ou tropeirismo


Com o declínio do ciclo do ouro. E aproveitando as ótimas pastagens, o gado que a princípio era criado solto e só para cobrir as necessidades alimentícias dos povoados, começou a ser criado em fazendas e a ser comercializado, transformando-se na principal atividade econômica.
E com isso se inaugurou uma nova fase de atividades econômicas dos habitantes do Paraná e do sul de São Paulo: o tropeirismo. Consistia o negócio em ir comprar as mulas no Rio Grande, no Uruguai, na Argentina, conduzi-las em tropas, numa caminhada de três meses pela estrada de Viamão, inverná-las por alguns meses nos campos do Paraná, e vendê-las na grande feira anual de Sorocaba, onde vinham comprá-las paulistas, mineiros e fluminenses.
O ciclo das tropas começa em 1731 e se esgota na década de 1870, usando as construções das estradas de ferro do café, em São Paulo, desvalorizam o muar como meio de transporte.
O comércio do gado fez com que aparecessem os "caminhos de gado", sendo o mais importante deles a Estada da Mata, que ia de Rio Grande do Sul até a cidade de Sorocaba, no estado de São Paulo.
O ciclo do gado transformou bastante o nosso Estado, modificando não apenas a economia, mas também o modo de vida das pessoas, que passaram a ser mais ligadas ao campo do que aos povoados, as vilas e cidades.
A condução do gado de um lugar para o outro fez também com que surgisse os pousos, locais onde os tropeiros paravam para descansar e se abastecer.
Nesse período surgiram cidades como: Castro, Ponta Gross, Lapa, Palmeira, Jaguaraíva.
Começou nesse ciclo também a agricultura, para alimentar o gado, eles produziam o milho, depois introduziu-se as plantações de feijão e trigo.
O tropeiro desempenhava por conta própria o trabalho de correio, numa época em que o mesmo era praticamente inexistente no interior. O tropeiro era o homem que trazia as notícias dos últimos acontecimentos aos vilarejos por onde passava, era também o portador de bilhetes, recados e o instrumento diário de muitos negócios.



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